INFERÊNCIA HISTÓRICA

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Quanto à inferência histórica discuti-se, a respeito das provas, serem compulsivas ou meramente permissivas. De certo, se compulsiva deve-se afirmar as premissas e também, obrigatoriamente, a conclusão; de outro, se permissiva a prova apenas autoriza o historiador a confirmar a conclusão caso ele deseje. No caso da história Cola e Tesoura somente a permissiva pode ser conhecida.


Diante disso, o historiador desse modelo depara-se com o problema de aceitar ou negar parte de um argumento. A este problema existe uma forma de se resolver que é pela crítica histórica, na qual se a conclusão é negativa, o historiador fica impedido de aceitá-la, pois não merece crédito. Por outro lado, caso positiva (aparentemente) ficaria isento de falsidade.


Entretanto, pode ser falsa, justamente pelo fator interpretativo, que está sujeito todo historiador, pesquisador, etc., pois a validade depende da interpretação que se vai fazer de determinado fato ou documento.


Por esses impasses e problemas, falou-se que “a história não é uma ciência exata”, pelo argumento de não justificar as conclusões pelas suas provas e ser incapaz de gerar certeza, apenas probabilidade, já que tratava de acontecimentos únicos e irrepetíveis, não passíveis à lei.


Estes argumentos não eram de um todo sem fundamento, tendo em vista que se encaixavam, como ainda hoje, ao modelo Cola e Tesoura. Historiadores da nova geração afirmaram ser essa concepção inválida, pois tinham argumentos que eram, sem dúvida, capazes de comprovar suas conclusões tanto quanto as demonstrações matemáticas. Prova disto é que, desde o materialismo histórico e da escola dos Annales, a investigação histórica deixou de analisar com exclusividade apenas os fatos singulares e passou a abarcar estruturas sociais, culturais e econômicas, que estão sujeitas a regularidade.


A inferência usada na história cientifica é compulsiva ou permissiva? As provas históricas, ao serem questionadas conduzem o historiador à verdade, sem deixar outra alternativa (caso esse realmente as questione), isto é, obrigado-o a confirmar a veracidade de suas conclusões e premissas. Sendo assim, pode-se afirmar que a inferência histórica é compulsiva, pois exige da investigação um exame minucioso e não passivo dos acontecimentos e documentos, não devendo apenas aceitá-los como verdadeiros.


“(...) A única maneira de saber se um dado tipo de argumentação é irrefutável ou não é aprender a argumentar dessa maneira e descobrir (...)” (COLINGWOOD, 1981).

(Texto de José Neto)

BIBLIOGRAFIA

COLINGWOOD, R. G. Provas históricas. In: A idéia de História. 5. ed. Lisboa: Ed. Presença 1981.

SILVA, K. V; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2006, p. 182-185.

* Imagem extraída de http://www.abaac.com.br/images/discurso1.jpg

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