GENEALOGIA DA MORAL: UMA POLÊMICA


Por Prof.º Fil. José Cardoso Simões Neto

Ao que se refere ao tópico 5 da 1ª dissertação, Nietzsche faz uma investigação epistemológica do termo “bom” e descobre que “bom” significa alguém que é verdadeiro, que é real e que numa mudança conceitual significa o verdadeiro, enquanto veraz o que viria a ser o lema da nobreza distinguindo – os dos homens comuns. Estes eram caracterizados como homem de pele escura e de cabelos escuros, ou seja, o homem “bom”, nobre, puro louro em contraposição aos nativos, originalmente de pele mais escura e cabelos negros, eis o motivo pelo qual talvez os poderosos, ricos se dominassem de “bom”.

No tópico 6, o autor levanta uma crítica à casta sacerdotal, fazendo uma análise sobre os termos “puro” e “impuro” que depois vão se desenvolver em “bom” e “ruim”. Diz ainda que os conceitos da humanidade antiga foram compreendidos sem muitas reflexões e aceitos num nível grosseiro, improfundo e assimbólico, como por exemplo: o “puro” é somente aquele que se “lava, que proíbe certos alimentos que causam doenças na pele, que não dormem com as mulheres sujas do povo baixo (...)” (p.24). Segundo ele, até hoje a sociedade sofre com este meio para se chegar a uma purificação – relata o jejum, a continência sexual, etc, isto é, a negação dos prazeres, e que tudo se torna mais perigoso com os sacerdotes.

Nietzsche no tópico 7 se refere aos sacerdotes como impotentes, porém os classifica como os mais terríveis inimigos, pois na sua impotência teveram que realizar maior esforço com o intelecto na procura de estratégias de ação dominadora, impulsionado pelo ódio.

Apesar da pouca força “física”, “armada”, sobra-lhe astúcia na elaboração de uma convicção ideológica. Um exemplo foi a capacidade que os Judeus tiveram de inverter os valores relacionados ao termo “bom”, que era igual a nobre, poderoso, belo, etc e depois passou a ser denominado de “bom” somente os miseráveis, os sofredores, os impotentes e mais abençoados, os doentes, necessitados, etc. “Mas vocês, nobres e poderosos, vocês serão por toda a eternidade, os maus, os cruéis, os lascivos (...) serão também eternamente os desventurados, malditos e danados!...” (p. 26).

Referencia Bibliografica: NIETZSCHE, F.Genealogia da Moral. 4 ed. São Paulo: Companhia das Letras. p. 21 – 26.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Resenha do livro: A Arte Rupestre no Brasil de Maria Dulce Gaspar (imagens de Alenquer no Pará)

O filme “Clube do Imperador” e a “ relação Professor / Aluno no processo Ensino e Aprendizagem”

BELÉM RECEBE O FORUM SOCIAL MUNDIAL (World Social Forum)